07 maio 2008

Em público

Quando a minha Avó Joaquina morreu telefonaram para nossa casa por volta das 8h da manhã de uma sexta-feira. Acordei com o toque e ouvi o meu pai a atender. Pela conversa percebi logo que não eram boas notícias, mas só quando ouvi o meu pai a ir ao quarto dizer à minha mãe "era a Antónia, a minha mãe faleceu" é que tive a confirmação. Então comecei a chorar, sem nunca sair da cama. A minha mãe veio e contou-me, eu disse que tinha ouvido. Depois chegou a minha tia, ouvi-a a chorar com a minha mãe na sala, foi ao meu quarto dar-me um beijinho, e eu continuei na cama a chorar sozinha. Saiu tudo e eu fiquei com a casa só para mim e para o Gaspar. Do resto do dia não me lembro de quase nada, só sei que fui almoçar com o Gonçalo, a Beatriz e a Susana, que depois fui para Santo António, que o Gonçalo foi ter comigo à noite e que tive vontade de lhe mostrar todos os recantos da terra, que fui a única a ir dormir a casa da minha Avó. Os meios estão em branco, não sei como passou o tempo. No sábado de manhã foi o funeral. Fui com um casaco creme (que me incomodava porque o achava desadequado para aquela ocasião) e mantive-me o mais à margem possível. Chegou o Gonçalo, a Teresa e o Álvaro e chorei pela primeira vez, e única, em público, durante os cerca de 30 segundos que durou o abraço da Teresa. De resto mais nenhuma lágrima, quanto muito os olhos brilhantes.

Sem comentários: