08 julho 2009

Avô

Estou para escrever sobre o meu Avô há algum tempo mas todos os rascunhos que começo acabo por apagar. Passaram quase quatro meses desde que o meu avô morreu e ainda parece que não é verdade. Fui à Castanheira o mês passado e está tudo na mesma. A minha Avó anda a arrumar, mas ainda estavam quase todas as coisas dele no escritório, tudo organizado como ele tinha sempre: cassetes e CDs etiquetados, pastas por assunto, o computador com um bloco de notas ao lado... O meu Avô tinha sempre tudo o que pudesse existir num escritório. Eu sempre gostei de fazer trabalhos manuais e, naquela casa, se precisava de papel grosso havia de vários tipos, se precisava de cartolina havia de várias cores, canetas, cola, tudo o que precisasse existia. E, caso não existisse, íamos logo à papelaria ver o que tinham!
Coisas electrónicas também não faltavam. O meu Avô adorava tudo o que saía de novo. No Natal ainda esteve a mexer no meu telemóvel e disse-me, já um bocado confuso, que era muito bom. Cerca de um ano antes ainda andava de olho num iPhone, mas reconheceu que não devia comprar. Porque o meu avô era muito teimoso e era tudo à maneira dele (de onde virá a refilisse das netas?!). De vez em quando lá ficava a minha avó arreliada porque ele tinha um telemóvel novo, ou tinha de comprar material para a impressora, ou era a internet que tinha dado o berro. Ah, sem contar o iPod que um dia não voltou da diálise.
Apesar dos muitos problemas de saúde, pediu até muito tarde para ir para casa, como se tudo fosse voltar ao normal. Foi ficando triste mas acho que pensava muitas vezes que ia ficar bom. Como se naquela idade e com todos os problemas que tinha isso fosse possível.

Há pouco mais de 1 ano a brincar com o brinquedo novo lá em casa, o meu mac:)

6 comentários:

Goz disse...

Por muito que nos custe, a vida nem não nos oferece apenas coisas boas.
Jamais as pequenas ou grandes atitudes, as boas ou más experiências, os bons ou maus momentos irão desaparecer da tua memória e com isto as pessoas que são ou foram as mais importantes na tua vida nunca irão desaparecer. Não estando presentes fisicamente, são as memórias e lembranças que as mantêem vivas dentro de nós.
Não te lembres de alguém pela pessoa que é ou era, mas sim pelas suas acções e pelos momentos que viveram juntos.

M. disse...

Este é um post muito bonito, que me faz lembrar do meu próprio avô. E sei que, enquanto as nossa memórias forem deste género, eles continuam a viver dentro de nós.

:)

lovely disse...

Pois, tal como o comentario anterior, me fez lembrar também do meu que partiu pouco antes do teu... Mas temos as nossas recordações e os bons exemplos que nos deixaram! :) é isso que fica sempre!

formiga negra disse...

Obrigada pelos vossos comentários:)

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bluezinha disse...

Gostei muito do teu post... não é para copiar o que ja foi dito antes, também eu me lembrei do meu avo e dos momentos que passei com ele, já la vão 3 anos que ele partiu.. Também me recordei das pessoas `à minha volta partiram e que deixam sempre saudade e deixam a nossa vida um pouco mais pobre. Mas é a lei da vida...temos que seguir em frente e recordar tudo de bom que nos deixaram :)
Pelos vistos a teimosia é mm hereditária, o meu avo era mt "tortinho" e os netos tb nao sao melhores :P

P. disse...

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